quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Leitura




Texto Introdutório II


A Luz!

O que são as Luzes?

A saída do Homem da sua menoridade!


Ao longo da minha vida, inicialmente como pessoa e posteriormente como pessoa e profissional, tive sempre fascínio pela escola e especialmente pelo livro. Na minha infância a Escola era para todos (década de setenta), o livro escolar também, o “outro”livro era uma raridade. Em casa, à noite, ao deitar, a minha mãe lia-me histórias que me levavam às lágrimas, ao conforto, ao amor. Estava semeado em mim o trabalho das emoções, nunca mais me desliguei delas e sabia, por sentir, que encontraria a empatia das minhas próprias emoções com as emoções escritas, lidas, sentidas e compreendidas. Este encontro de mim comigo mesma e com os outros era algo que me ia lançar em todas as direcções…
Onde é que podíamos encontrar os livros? No Natal eu pedia livros da Anita, a vida era tão bela ali…afinal a luz dos livros nunca se apaga…
É então que surge na minha vida e das minhas colegas uma carrinha carregada de livros com dois senhores muito simpáticos, estou a falar da Biblioteca itinerante da Gulbenkian, era um sonho…
Hoje temos bibliotecas apetrechadas, vamos então despertar as emoções nos nossos alunos, a profissão de ensinar abarca três grandes etapas: a “função erótica”-ensinar não tem que estar desligado do prazer e segundo Rubem Alves” “A educação terá completado a sua missão se conseguir despertar o prazer de ler”-…”;a “função didáctica”e a “a função emancipadora”, para que os nossos alunos possam reflectir, questionar,









subverter como afirma Alberto Manguel :“Las sociedades letradas necesitan enseñar la lectura a sus nuevos ciudadanos.
A partir de esse código común, la sociedad puede impartir sus leyes y compartir su memoria. Pêro el maestro encargado de esta enseñanza se ve una encrucijada: enseñar a respetar el código común, y ensenãr a subvertirlo, para que el alumno pueda por un lado conocer los textos de su sociedad y por outro cuestionarlos.
Nuestras sociedades, sin embargo, se oponen a esta segunda tarea. No ensenãmos a nuestros hijos a leer, solo a decifrar códigos. Leer implica hacer nuestro un texto, cuestionarlo, vivir en las preguntas que el lector allí descubre, tomar coinciencia del poder que el lector tiene sobre un texto---y, sobre todo, saber reflexionar.”
O pleno desenvolvimento da personalidade, o ideal da educação, o fim último e pleno da educação apenas se poderá alcançar por métodos educativos propícios como a experiência vivida, a experiência leitora, a liberdade de pesquisa, o desenvolvimento do espírito crítico, elaboração de regras (interiores) , resolução de problemas, trabalho em equipa, cooperação, iniciativa… A personalidade como uma existência ”em suspenso” tem de fazer-se continuamente, sem jamais estar completa. Somos todos Ulisses eterna e saudavelmente insatisfeitos, porque se não há a possibilidade de o homem se realizar em absoluto, então tem essa sina de estar em constante procura “O ideal da educação não é aprender o máximo, mas sim, antes de tudo, aprender a aprender, aprender a desenvolver-se e aprender a continuar a desenvolver-se depois da escola” Jean Piaget.
Podemos e devemos, na Escola, desenvolver projectos conjuntos planificados e colaborativos, desde o ensino Pré- Escolar até ao Ensino Secundário, e em interacção com o exterior (Bibliotecas Municipais e outras Entidades e Associações), no sentido de desenvolvermos mesmo antes da apreensão dos códigos, o gosto pela leitura, “formando” e “incentivando” os pais para a importância de semear nos seus filhos o doce gosto de “ouvir e sentir os heróis, as heroínas, as emoções, a riqueza que é viver”, para posteriormente as nossas crianças não sejam “pinóquios”.









Pinóquio apenas realizou a apreensão do código, ou seja, o sentido mecânico da língua, possivelmente ainda apreendeu a sintaxe, mas não alcançou a verdadeira literacia, ou seja, o conhecimento profundo e imaginativo de nós próprios, da sociedade e do mundo que nos rodeia. Por isso se deixava enganar sistematicamente. Se não ensinarmos aos nossos alunos este último nível eles não serão cidadãos que alcançarão a verdadeira liberdade – devemos educar para a cidadania, trata-se de um projecto de emancipação do ser humano.





Cândida Batista

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